Um dos objetivos do Programa de Educação Tutorial é a formação de profissionais com uma visão ampla e crítica da realidade que os cerca. Desse modo, faz-se necessário que os estudantes extrapolem os muros das universidades, e conheçam, fora dos contextos experimentais da graduação, a realidade sócio-cultural da comunidade com que lidarão após formados. Visando tal preparação e vivência, o PET-Medicina conta em sua agenda anual com uma viagem a uma área endêmica. Geralmente, trata-se de regiões com deficiência de recursos humanos e sociais no que se refere ao cuidado com a saúde da população.​

Há alguns anos professores da disciplina de Doenças Infecto-Parasitárias (DIP) da UFTM acompanham pacientes acometidos de Leishmanioses na cidade de Paracatu-MG. A região é área endêmica da referida doença e possui altos índices de infecção sem, no entanto, profissionais especializados com experiência no manejo e tratamento da doença. Assim, a atuação dos profissionais da UFTM no local é de grande relevância, e muito bem-recebida pela população e secretaria municipal de saúde. ​

De forma geral, a Leishmaniose é causada pelo protozoário do gênero Leishmania, transmitido pela picada do mosquito flebotomínio infectado. A doença pode apresentar-se na forma tegumentar ou visceral. O tratamento para ambas as formas pode gerar efeitos colaterais complicados que tornam difícil a adesão completa. Assim, é preciso todo um trabalho de orientação e esclarecimento para que os pacientes não interrompam o tratamento, não alterem as doses inadvertidamente, e para que busquem atendimento médico caso percebam qualquer sinal de recidiva ou reinfecção.​

Nesse contexto, o grupo PET-Medicina, com o apoio da UFTM e da Secretaria Municipal de Saúde de Paracatu, viajou para aquela área, onde permaneceu de 2 a 4 de fevereiro de 2011. Lá, os estudantes puderam acompanhar atendimentos feitos pelo professor-tutor do grupo, Dr° Mário Leon Silva-Vergara, tanto na zona urbana, quanto na zona rural.​

Esta, não deixa de ser uma estratégia didática, e deve ser mais explorada no ensino médico, pois permite que os alunos compreendam o quão complexo é o processo de adoecimento desde sua origem. Ao observar os atendimentos, conversar com os pacientes, entender o contexto sócio-cultural em que estão inseridos, associar isso às queixas e aspectos clínicos apresentados, sob a orientação profissional, os acadêmicos dos diversos períodos da graduação puderam adquirir experiência clínica e enriquecimento na prática da relação médico-paciente.​

A atividade foi concluída com sucesso. O PET recomenda que iniciativas como esta sejam, não só encorajadas pelos docentes, mas buscadas e cobradas pelos discentes. O conceito de universidade que ensina através de um método de reclusão é arcaico e destoa do ideal de formação de profissionais contextualizados com os cenários de atuação. A universidade deve estar voltada para a comunidade, e assim, contribuir tanto para a qualidade de vida da população, quanto para uma formação ampla e qualificada dos alunos.