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Aluízio Prata: o legado de um professor

Na sexta-feira, 13 de maio de 2011, sofremos uma perda inestimável. Faleceu o professor Aluízio Rosa Prata, uberabense, nascido em 1 de junho de 1920.  Em sua vida, o professor Prata demonstrou conhecer de forma clara, como poucos, a real razão de ser da universidade, tendo, por isso, se sagrado verdadeiro educador, exercendo com plenitude tal arte. Os trabalhos que desenvolveu foram marcados pela contribuição para o progresso da ciência, pela divulgação do conhecimento e formação de profissionais, e pela aplicação prática da ciência, especialmente, na realidade das comunidades socialmente marginalizadas, desprovidas de acesso aos tratamentos de saúde disponíveis nos grandes centros.


Aluízio Prata graduou-se em Medicina em 1945 pela Universidade do Brasil (atual UFRJ). Atuou como clínico geral nas Forças Armadas, foi Professor Catedrático (1957-1969) da Faculdade de Medicina da UFBA, e criou o Núcleo de Medicina Tropical da UnB onde permaneceu de 1969 a 1987. Em ambas instituições, colaborou para a estruturação de disciplinas relacionadas às doenças infecto-parasitárias, desenvolveu várias pesquisas sobre esquistossomose mansônica, calazar, leishmanioses, Chagas e outras endemias, participou de forma determinante na formação de gerações de pesquisadores e docentes para todo o Brasil, América Latina e África. Foi um dos fundadores do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz na Bahia, e implantou os primeiros projetos brasileiros de estudos em áreas endêmicas.

Sua vinda, em 1987, para a UFTM (então, FMTM), foi um divisor de águas na história desta instituição, tendo incentivado o desenvolvimento dos três pilares (ensino, pesquisa e extensão): organizou a disciplina de Doenças Infecto-Parasitárias, criou o Curso de Aperfeiçoamento em Medicina Tropical (1987) - que neste ano completa 25 anos de existência, tendo beneficiado vários estudantes brasileiros e estrangeiros oriundos dos diversos continentes. Em 1989, iniciou o Programa de Educação Tutorial (PET), com o intuito de despertar os alunos, ainda na graduação, para a importância de, após formados, persistirem dedicando-se à busca do conhecimento e aperfeiçoamento das habilidades. Além disso, implantou a residência em Clínica das Doenças Infecciosas e Parasitárias (1996), e o curso de pós-graduação em Medicina Tropical e Infectologia (1998). Recebeu o título doutor Honoris Causa de diversas universidades brasileiras. Era editor e um dos fundadores da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e da Sociedade Latino Americana de Medicina Tropical.


Aluízio Prata era um pesquisador nato, sendo reconhecido como nível 1A pelo CNPq. Autor de centenas de artigos científicos, teses, capítulos de livros e livros, e freqüentador assíduo de eventos científicos nacionais e internacionais. Dedicou-se incansavelmente ao conhecimento e aplicação deste em seus trabalhos de campo com notável engajamento social, tendo, por isso, participado de importantes decisões políticas relacionadas ao controle das doenças endêmicas. Participou de comitês de pesquisa e consultoria da Fiocruz, Conselho Nacional de Saúde, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde, UNESCO e Organização Mundial da Saúde.

Recebeu, ao longo de sua vida, inúmeras condecorações tanto no cenário nacional (Comenda da Ordem do Rio Branco do Ministério das Relações Exteriores-1974; Prêmio Alfred Jurzykovski da Academia Nacional de Medicina, da qual foi membro; Medalha Capes-2000; Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico do Presidente da República), quanto internacional (laureado na Inglaterra pela Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene).

Professor Prata com o PET-Med em 2009

Mais uma vez, mostrando ser não só notável profissional, como também, ser humano valoroso, lutou bravamente durante os últimos anos de vida contra uma doença incapacitante que o levou à morte.​


Fica aqui, a homenagem do grupo PET-Medicina ao seu primeiro tutor. É digno de congratulações pelas inúmeras qualificações, prêmios recebidos e cargos ocupados. Mas, ainda que não as tivesse, merece todo nosso respeito por ensinar, pelo exemplo, que mais que o conhecimento, importa a aplicação deste.  Mais que um amontoado de títulos, artigos, teses, livros publicados, vale a transformação social que podemos e devemos fazer munidos de toda essa informação. Mais que o domínio da técnica, vale a paixão pelo aprender, descobrir, ensinar e revolucionar a realidade social que nos cerca. Nossa eterna gratidão, pois o legado deixado envolve, além do incentivo ao progresso científico e social, o fazer-nos repensar como temos vivenciado a oportunidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade enquanto universitários e seres humanos.

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